Frank McGrath: A Jornada – Parte 01
“Eu não sou como todos. Eu não vivo como eles vivem. Eu não como o que eles comem. Nada de biscoitos. Nada de café com creme e açúcar. Nada de jornais. São 6:52 e eu estou na minha segunda refeição. Enquanto todo mundo está batendo a soneca, eu estou pegando no tranco “.
“O que eu faço? Eu sou fisiculturista e sim, isto é um trabalho. Mas o meu dia não começa as 9:00 e não vai terminar as 17:00. Começa a partir do momento em que abro meus olhos e acaba quando eu os fecho. Não é um trabalho 5 dias semana…. Eu vivo é 24 / 7. Este é meu trabalho. Esta é a minha vida.”
“A parte mais difícil é firmar o passo, frente à esmagadora rotina. Meu caminho não irá mudar e cada dia que passa eu chego mais perto de meu destino, aquele que eu circulei em vermelho. Sem descanso. Eu tenho muito o que andar…”
“Esse pedaço de papel colado no meu armário? É minha motivação, uma declaração de guerra. Eu coloquei-o ali para me lembrar daquela data, todo santo dia… É também o meu despertador pessoal. Todas as manhãs, quando eu preparo meus ovos, tomo meus suplementos. preparo minhas refeições… ele soa, como um martelo em meu cérebro. O meu alarme não tem soneca. Ele não pára. Não me dá folga. Alguns dias ele parece me zoar. Sim, eu vou fazer isso. Este é o meu destino. Outro dia eu penso, que diabos estou fazendo? Eu pareço um monte de **. De qualquer maneira, eu não posso escapar dele. Toda vez que eu olho para aquele pedaço de papel ele me encara e me chama pra fora, desafia-me. Então, eu continuo em frente. Escute, esta é a forma como as coisas funcionam. Se você quiser para obter alguma coisa, você tem que definir uma meta. Então, anote isso e coloque em um lugar ao qual você não possa fugir. Todos os dias olhe para ele e pergunte a você mesmo: estou bem mais longe do que eu estava ontem? Estou progredindo? Se não, pra que definir uma meta? Meu objetivo está lá, circulado com tinta vermelha. Todo dia ele me cumprimenta, meu maldito despertador. Se eu ouvir de perto, eu juro que ouvi-lo badalar. … Tick Tick Tick… Você pode ouvi-lo?”
“Minha casa? É um pequeno e escuro buraco de **. Um lugar onde ia ser difícil trazer meus pais, para não falar da minha garota. Mesmo assim, eu tenho três cômodos e um teto sobre a minha cabeça. Não é muito, mas dá pra fazer meu trabalho. Aqui nesta sala é só este banco, um grande espelho, a caixa de abelhas que eu tenho desde o colegial e algumas luzes improvisadas. Esta era pra ser a sala de estar, mas eu a chamo de “posing room”. Como inspiração, eu tenho vários cartazes de fisiculturistas do passado, para me motivar. E um grande espelho para me examinar e me deixar pra baixo. Sim, lar, doce lar. Então, eu comecei a ver uma garota esses dias… ela veio aqui esses dias e estava com um olhar chocado. Ela me perguntou por que eu não deixo o lugar mais agradável. Uma mesa de café, um sofá, algum lugar pra ela poder sentar… Uma mesa de café? Sofá? Que se foda. O que mais? Cortinas floridas? De qualquer forma, eu disse a ela: há sempre duas cadeiras na cozinha… Ou o meu colchão. Olha, regra número um (e eu sempre digo isto desde o início): se você quiser me ver, você tem tudo de mim. Tudo. O que é muito ou muito pouco, depende de como você vê as coisas. Eu não estou aqui para ficar parado deixando a poeira repousar sobre meus ombros… Posses e toda essa ** que se compra são as coisas que te empatam, te prendem. Neste mundo eu não tenho muito, apenas as roupas em meu corpo e esse ardente desejo em meu coração. Mas tudo bem, estou só de passagem… A caminho de algo maior.”
“Está frio lá fora. Então, ultimamente, tenho passado muito tempo aqui dentro, nestes três ambientes que chamo de lar. A cozinha. O quarto. A sala de estar. Estes quartos são como os limites de minha mente. A cozinha, a minha fome. O quarto, o meu desejo. A sala de estar, a minha solidão. Três coisas que eu tenho que lidar a cada maldito dia. **, eu gasto muito tempo dentro destes lugares, dentro de minha mente. Fora, no mundo real, você pode sempre dar um passo para fora, para respirar. Na minha cabeça, não há como escapar… Nunca. Quando eu encontro as pessoas, elas me dão uma olhada e dizem que eu sou estúpido, idiota, louco… Alguém que não tem nada na cabeça. ****. Eu tenho o problema oposto. Eu tenho muita coisa na cabeça. Me debruço sobre muitas coisas. Minha mente divaga… Às vezes, sinto-me preso… Como se as paredes se fechassem para mim. É sufocante. Eu me pergunto se consigo passar por isso mais dezessete semanas, até que acabe. Algumas noites, quando estou acordado, eu imagino que a porta da frente está destrancada… O medo dá as caras. A dúvida surge. As questões rondam minhas janelas. Mas dentro desses três cômodos, devo permanecer. Sozinho, com fome, desejo e solidão. Tenho que me manter em frente… Tenho que continuar andando… Então, quando eu estiver aqui sentado sozinho numa outra noite, eu digo a mim mesmo que não estou ficando louco. Quando eu deitar na cama, eu não vou ficar acordado. Quando eu comer, eu não vou vomitar… Estes são os inquilinos que ocupam minha mente – o lugar onde eu vivo.”